domingo, 29 de janeiro de 2012

Prosa Campeira - Encilha

Semanalmente, teremos aqui no Blog do Movimento, uma Prosa Campeira, onde trataremos de assuntos campeiros que são importantes para a nossa vida tradicionalista. Nesta postagem seguem algumas dicas da maneira que uso para encilhar. Espero, principalmente, orientar um pouco aos jovens que participarão do Entrevero.


Encilha

BUÇAL: Lembrem-se, a primeira parte da encilha é o buçal. Sempre pegar o cavalo pelo cabresto. É errado colocar o freio antes de qualquer parte da encilha e também segurar e amarrar o pingo pela rédea.
Uma boa escova antes de começar a encilha deixa o pelo mais bonito e ajuda a tirar graveto que ficam no lombo do cavalo ocasionando um possível ferimento.

FREIO: Sempre coloquei por segundo, pois quando se coloca o freio o cavalo sente que o peão já tem domínio sobre ele e se aqueta.

BAIXEIRO/XERGÃO: A primeira peça que vai no lombo do cavalo, de lã de ovelha que serve pra confortar os arreio no lombo do cavalo.

CARONA: É usada depois do baixeiro, com a finalidade do suor do cavalo não passar pro basto, evitando um possível apodrecimento.

BASTO: O basto é um dos arreios mais usados, é bem simples, composto por costura, cabeça e os bastos. Tem uma parte que é conhecida como estribeira, espelho e travessão, já ouvi estas últimas duas em diferentes partes do Estado, pendurado na argola do espelho estão os loros e abaixo os estribos.

CINCHA: Composta por travessão, barrigueira, látego (para apertar) e sobrelátego (para regular) na barriga do cavalo. Peonada, não coloquem a barrigueira muito pra frente porque pode assar, e nem muito pra trás, porque além de tirar o fôlego do cavalo pode correr para trás e afrouxar os arreios. Deixem a barrigueira no “osso do peito” do cavalo.

PEITEIRA: Antes de apertar  a Cincha, coloca-se a peiteira e prende-se ela nas argolas da cincha. Esta peça é usada geralmente em regiões onde o relevo é mais acidentado, como a Serra Gaúcha, com a finalidade dos arreios não correr para trás.

RABICHO: O rabicho é uma peça antiga e pouco conhecida, porém, bem simples, enquanto a peiteira não deixa os arreios correr para trás, o rabicho não deixa correr para frente, é apresilhado no basto e passa por baixo da cola do animal.

PELEGO: Usado bastante o preto da ovelha crioula, que serve pra um maior conforto pro peão, bom lembrar que antigamente o pelego serviu de colchão pros antigos tropeiros, e ainda serve.

BADANA: Peça de couro utilizada mais no verão, que serve para não esquentar muito, e também usada antigamente quando iam para bailes ou missas para não ter na roupa fios do pelego.

SOBRE CINCHA: Composta também por travessão, barrigueira, látego e sobrelátego e cinchador (esta peça que diferencia a cincha) é ali onde é apresilhado o laço do peão, só para salientar mesmo, o antigo cinchador é um couro e uma argola na ponta preso na argola da cincha, hoje em dia é comum ver uma peça chamada “destorcedor” no lugar do cinchador onde facilita pra destorcer o laço. Lembrem-se de no entrevero explicar o que é realmente um cinchador.

LAÇO: O gaúcho de antigamente, não saía de casa sem seu laço, ate o laço no tento do basto, empurre para o lado de laçar, apresilhe a presilha no cinchador.

De mango na mão, espora  e chapéu puxe o cavalo pra dar uns passos, veja se não afrouxou os arreios, bote a ponta da bota de estribo, alce a perna e monte!

Lembrem-se sempre de usar a forma mais antiga que há, não queiram inventar moda, somos tradicionalistas e zelamos pelo nosso antepassado.

Douglas Uilliam de Quadros da Silva
Peão Farroupilha do Rio Grande do Sul 2011/2012

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