Tenho certeza de que em algum momento desta caminhada nos perdemos dos propósitos iniciais do Movimento. Falamos em simplicidade, tradicionalidade, mas o que efetivamente estamos fazendo, que posições tomamos neste momento? Vários movimentos colocam na mesa novos posicionamentos e temos que optar entre continuar fazendo do mesmo jeito ou optar pelos avanços necessários.
Tudo tem seu preço, não nos enganemos. As mudanças cobram posicionamentos sérios, com responsabilidade, deixando de lado “compadriamentos” e “amizades” completamente permeados de “interesses”. Talvez o nosso grande desafio seja justamente quebrar estes paradigmas e muitos serão convidados a saírem de suas zonas de conforto. Eu não acredito que tantas manifestações, depoimentos emocionantes realizados por dirigentes de CTGs, que são contrários ao atual modelo (nos aspectos em que deixa de lado a essência e a naturalidade do movimento organizado) não seja capaz de inspirar e fazer acontecer um novo tempo.
A distorção de conceitos e modelos que ocorrem especialmente nas redes sociais é incrível. Pequenos grupos defendem com grande habilidade interesse pessoais, interesses de manterem-se no comando ditando regras e sistemas que levam à descrença de nosso movimento e que beira a falência em algumas entidades. Isso tudo gera uma ilusão de que podemos chegar a um novo que nunca alcançaremos.
Por isto digo que vivemos, nesta transição, um período extremamente importante. Devemos olhar para o passado, olhar para aqueles que construíram esta caminhada, e também olhar para aqueles que vão conduzir o movimento ao seu futuro. Mas para isso devemos ter a humildade e a grandeza de realinharmos nossa trajetória.
A juventude deve ser efetivamente preparada para conduzir as mudanças. Os jovens devem fazer e estabelecer estes questionamentos, construir juntos novas alternativas, oportunizar às entidades filiadas e à sociedade um novo modelo, mais contemplativo, abrangente e coletivamente mais solidário.
Acredito e tenho plena convicção de que as lideranças do movimento (dirigentes do MTG e das mais de 1700 entidades), estão recuperando esta consciência de que devemos e podemos fazer avanços. Não temos outra escolha. Ou seguimos no modelo atual e continuamos estagnados, imóveis, sem capacidade de reação, ou com coragem estabelecemos em novo conjunto, em perfeita harmonia e unidade, abrindo uma nova estrada que permita uma caminhada igual e segura a todos.
O tradicionalismo gaúcho é cada um de nós e nesse sentido convido cada um dos tradicionalistas a fazerem uma reflexão sincera e profunda. Lembre-se de quando conheceu o tradicionalismo, o momento exato em que se encantou com a vida que pulsa em um CTG. Lembre-se dos primeiros envolvimentos, sentindo que realmente fazia parte de algo especial. Esses sentimentos ainda vivem em você? Mais: fazem você vibrar, se emocionar e querer agir, a contribuir, não importa se faz tempo feio ou tempo bom, se é longe ou perto? Se sim, é de você que nosso movimento precisa.
Vamos juntos multiplicar e consolidar este momento, que é de transição, sim, mas que é também de plantio. Este é o momento da escolha das sementes que queremos que frutifiquem num futuro não tão distante. Estas mudanças são esperadas e bem no íntimo aguardadas por todos gaúchos e tradicionalistas de coração, que acreditam, que acalentam um ideal, aqueles que quando pisam num CTG sentem que estão em casa.
Os próximos 50 anos pedem esses tradicionalistas. Aqueles que não concordarem, que saiam, ou se manifestem, para que possamos construir com diálogo, interação.
Vamos avante. “Desta jornada ou se volta com Honra ou não se volta”. (General Flores da Cunha – 1930).
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