Notas de Instruções
Musicais para o
ENART 2013
CONCURSO: DANÇAS
TRADICIONAIS
QUESITO: MÚSICA
FORÇA “B”
Dos
instrumentos
1- Serão
permitidos somente instrumentos acústicos.
2- Só serão
admitidos violões com caixa acústica maciça ou reduzida, desde que reproduzam a
sonoridade de um violão acústico tradicional. Não serão permitidos quaisquer tipos
de instrumentos sem caixa acústica nenhuma.
3- Os
instrumentos podem conter equipamentos de equalização, volume e afinação. Será permitido
o uso de pedais do tipo equalizador, volume e pedais para instrumentos de percussão.
Não sendo admitidos quaisquer outros pedais de modificação timbrística, bem como
de ambientação acústica (reverb, chorus, distorcimento, delay, decay, ataque,
etc).
4- Os
instrumentos permitidos para uso nas danças tradicionais são: gaitas, violões,
violas, viola de arco, pandeiro, violino e rabeca.
5- Poderão
ser utilizados outros gêneros musicais, exclusivamente nas entradas e saídas
das danças tradicionais, quando se tratar de homenagem feita às etnias
formadoras do gaúcho (índia, portuguesa, açoriana, espanhola, negra,
luso-brasileira (biribas), alemã e italiana) e que contem com prévia
autorização da vice-presidência de Cultura do MTG, passada por escrito antes do
início da etapa em que ela for apresentada.
6 - Nas
coreografias de entradas e saídas dos grupos de danças tradicionais, admite-se
o uso de outros instrumentos quando a música escolhida, compatível com a
proposta da apresentação, forem necessários para a homenagem feita às etnias formadoras
do gaúcho.
7 -
Exclusivamente para as coreografias de entradas e saídas, os grupos de danças
poderão utilizar, além do pandeiro, outros dois instrumentos, entre os
seguintes: cajon, baixo acústico, prato de ataque e carrilhão.
8 - Somente
serão permitidos, nos concursos, quer sejam individuais ou coletivos, o uso dos
seguintes instrumentos musicais: violão, viola (10 ou 12 cordas),viola de arco,
violino, rabeca, gaitas, bandoneon e pandeiro.
9- A
afinação utilizada para os instrumentos é livre. A finalidade do instrumento
será harmônica e melódica. Esporádicos “ataques de percussão” na caixa do
violão serão permitidos, desde que não fique clara a troca da função original
do instrumento.
Dos instrumentistas
1- O número
máximo de músicos em palco é seis (6), podendo ter um número maior de inscritos,
mas apenas seis entram no palco de apresentação, sem revezamentos até o término
na apresentação.
2- É
permitido aos participantes em palco trocarem de instrumento ou função durante
a apresentação, bem como utilizarem dois ou mais instrumentos.
3- O número
mínimo de músicos é dois (2), sendo os instrumentos no mínimo uma gaita, um
violão ou uma viola e uma voz.
Da avaliação
1- A
avaliação de música obedecerá ao mesmo regulamento já em utilização na “FORÇA A”.
2- Para a
avaliação de música haverá um avaliador da equipe técnica do subdepartamento de
música do MTG.
3 - Serão
utilizados para fins de avaliação as fontes: Partituras das músicas das danças “Músicas
Tradicionais” (produção da Fundação Cultural Gaúcha – MTG,Artega, 2001) e o CD
referente a obra.
4- Os grupos
musicais serão avaliados sob os seguintes critérios:
a) correção
musical ............................................0,3 pontos
b) execução
musical ..........................................0,4 pontos
c) harmonia
de conjunto....................................0,3 pontos
Para a Força
“A”
Dos
Instrumentos
1- Serão
permitidos somente instrumentos acústicos.
2- Só serão
admitidos violões com caixa acústica maciça ou reduzida, desde que reproduzam a
sonoridade de um violão acústico tradicional. Não serão permitidos quaisquer tipos
de instrumentos sem caixa acústica nenhuma.
3- Os
instrumentos podem conter equipamentos de equalização, volume, e afinação. Será
permitido o uso de pedais do tipo equalizador, volume e pedais para
instrumentos de percussão. Não sendo admitidos quaisquer outros pedais de
modificação timbrística, bem como de ambientação acústica (reverb, chorus,
distorcimento, delay, decay, ataque, etc).
4- Os
instrumentos permitidos para uso nas danças tradicionais são: gaitas, violões,
violas, viola de arco, pandeiro, violino e rabeca e bandoneon.
5- Poderão
ser utilizados outros gêneros musicais, exclusivamente nas entradas e saídas
das danças tradicionais, quando se tratar de homenagem feita às etnias
formadoras do gaúcho (índia, portuguesa, açoriana, espanhola, negra,
luso-brasileira (biribas), alemã e italiana) e que contem com prévia
autorização da vice-presidência de Cultura do MTG, passada por escrito antes do
início da etapa em que ela for apresentada.
6 - Nas
coreografias de entradas e saídas dos grupos de danças tradicionais, admite-se
o uso de outros instrumentos quando a música escolhida, compatível com a
proposta da apresentação, forem necessários para a homenagem feita às etnias
formadoras do gaúcho.
7 -
Exclusivamente para as coreografias de entradas e saídas, os grupos de danças
poderão utilizar, além do pandeiro, outros dois instrumentos, entre os
seguintes: cajon, baixo acústico, prato de ataque e carrilhão.
8 - O número
máximo de músicos em palco é oito (8), podendo ter um número maior de inscritos,
mas apenas oito entram no palco de apresentação.
9- É
permitido aos participantes em palco trocarem de instrumento ou função durante
a apresentação, bem como utilizarem dois ou mais instrumentos.
10- O número
mínimo de músicos é dois (2), sendo os instrumentos no mínimo uma gaita, um
violão ou uma viola e uma voz.
Das fontes
para avaliação
1- Serão
utilizados para fins de avaliação as fontes: Partituras das músicas das danças “Músicas
Tradicionais” (produção da Fundação Cultural Gaúcha – MTG, Artega, 2001) e o CD
referente a obra.
2-
Resoluções musicais publicadas na página do MTG na internet.
Das
planilhas de avaliação
1- A nota
máxima da música será um (1,0) ponto.
2- A nota da
música (um ponto) será dividida nos quesitos: 1- correção musical: 0,3 pontos,
2- execução musical: 0,4 pontos, e harmonia de conjunto: 0,3 pontos.
3- Fica a
critério do(s) avaliador (es) estabelecer a nota, com base nas fontes indicadas
neste regulamento, justificando os descontos na planilha de avaliação.
4- A
afinação utilizada para os instrumentos é livre. A finalidade do instrumento
será harmônica e melódica (com exceção das percussões). Esporádicos “ataques de
percussão” em instrumentos que não sejam de percussão serão permitidos, desde
que não fique clara a troca da função original do instrumento.
Da participação
dos instrumentos nas músicas
1- Nas
danças tradicionais deve haver no mínimo dois (2) e no máximo oito (8) músicos,
sendo os instrumentos no mínimo uma gaita, um violão ou uma viola e uma voz. Os
instrumentos deverão ser tocados ao menos em uma das músicas.
2- Para ser
considerado tocado, o instrumento deve ser acionado ao mínimo uma vez do compasso
1 ou anacruse até o “Para Prosseguir” ou “Para Terminar”. Se for acionado em duas
ou mais músicas, não importa o tempo tocado.
3- É
obrigatório manter-se ao menos dois (2) instrumentos simultâneos.
4- É
obrigatório manter-se um instrumento realizando a melodia e outro realizando o acompanhamento,
durante todas as músicas, independente de ter canto ou não. As únicas exceções
são os passeios do “O Anú”, da Quero Mana”, e o levante da “Tirana do Lenço”, onde
são permitidos somente voz e acompanhamento instrumental.
6- Nos
passeios do Anu e Queromana, são permitidas no máximos duas vozes distintas (entre
vozes e instrumentos). O canto pode ser executado por no máximo dois cantores simultaneamente,
podendo ser dueto ou uníssono. O canto pode ser acompanhado por apenas um (1)
instrumento melódico, não ultrapassando o limite de duas (2) vozes distintas.
7- Nos
passeios do Anú e Queromana, com relação aos instrumentos melódicos, será permitida
a realização de até duas (2) vozes, seguindo as regras destas resoluções. Serão
permitidos contracantos instrumentais nos passeios destas danças desde que
compostos com ritmo melódico diferente da melodia principal.
8- Todos os
instrumentos podem realizar tanto a parte da melodia quanto a parte do acompanhamento,
devendo sempre estar em evidência a melodia.
9- Os
levantes devem ser executados sem apoio rítmico, por no máximo duas vozes distintas,
sendo de livre harmonização os intervalos. Não sendo necessário a apresentação de
pesquisa da letra. A descrição de levante está inserida no Manual de Danças 3ª
edição.
10-
Entremeios de dança ou vinhetas são permitidas desde que não obedeçam ao
conceito de levante para que não sejam passíveis de avaliação.
Dos detalhes
musicais
1- Os
instrumentistas poderão aplicar a articulação (staccato, legato, portato,
pizzicato, etc) a seu critério, contanto que não haja modificação significativa
para menor duração das figuras: mínima e semibreve. O aumento da duração das
figuras será considerado erro, a menos que esteja indicado na partitura por uma
fermata. A melodia (A, B ou C por exemplo) do trecho das danças devem ser
executadas no mínimo uma vez por inteiro como estão escritas no caderno de
partituras, antes de serem executadas com alguma articulação.
2- Na dança
“Rancheira de Carreirinha”, os staccatos indicados na partitura são obrigatórios.
3- Os
acentos indicados na partitura de “Cana Verde” e “Anu” são obrigatórios.
4- As
fermatas indicadas nas partituras são facultativas, e passíveis de tornarem-se
erro caso sejam executadas com duração exageradamente longa. Estas terão
validade tanto para a pauta melódica e a de acompanhamento, independente de
estarem presentes em ambas as pautas ou em apenas uma.
6- Serão
permitidas dissonâncias de nona maior em acordes de quinto grau quando e enquanto
a nota da melodia estiver na sétima menor. Ex. Balaio, primeira nota do
compasso 2; Cana verde, primeira nota do compasso 3; Rancheira de carreirinha,
primeira e segunda notas do compasso 13.
7- Serão
permitidas “dissonâncias” de sexta maior harmônica no acompanhamento e na melodia
(a duas ou mais vozes simultâneas) exclusivamente em acordes de primeiro grau da
tonalidade.
8- Permitido
duetos de 3º ou 6º graus paralelos em voz ou instrumental, mesmo que ocasione
dissonâncias, quando executado somente o dueto.
9- Demais
dissonâncias não serão permitidas nos tempo fortes para a melodia harmonizada e
em qualquer tempo para o acompanhamento.
10- É
permitida a realização de contracantos/contrapontos da melodia, tanto nos instrumentos
quanto na voz. Os mesmo obedecerão as demais regras de dissonâncias desta resolução.
Será considerado erro se os contrapontos/contracantos se sobreporem ou atrapalharem
a compreensão da melodia principal.
11- Qualquer
instrumento poderá realizar contraponto/contracanto, a exceção do pandeiro.
12- Os contracantos
devem ser elaborados de acordo com o folclore gauchesco, acarretando em erro
caso tenha características indevidas e em desacordo com este regulamento, como jazz,
country, bossa nova, rock e demais estilos musicais alheios ao folclore gaúcho.
13- Nos
contracantos não serão permitidos vocalizes com os artigos da frase, deve ser somente
com as palavras, não as fragmentando, podendo sim, fragmentar a frase.
14- Os
contracantos quando realizados pela voz poderão acorrer apenas com as palavras
da frase que o canto está executando, não podendo ser executado contracanto
vocal em trecho onde não há canto vocal.
15- Pode ser
flexibilizado o ritmo da figuras (colcheia pontuada + semicolcheia) presentes no
“Chotes Carreirinho”, “Chote de Quatro Passi” e “Caranguejo”, sem acarretar
erro.
Porém será
considerado erro a realização em duas colcheias.
16- Pode ser
flexibilizado o ritmo de colcheias consecutivas do “Chotes Carreirinho” (compasso
1 a 4), sem acarretar erro. Quem optar por esta flexibilização deve, de cada
duas colcheias consecutivas, alongar a primeira e encurtar a segunda,
impreterivelmente.
17- As
introduções musicais, não indicadas na partitura, podem ser elaboradas a partir
da segunda metade da partitura, onde se encaminha para o fim, ou a execução da
música inteira. É possível, no entanto, iniciar a música e dança sem
introdução, de acordo com a partitura, sem acarretar erro. Para a “Havaneira
Marcada”, se optado por realizar introdução, deve ser ignorado o compasso 1 e
realizado o compasso 33. No recomeço das danças Queromana e Roseira não há
necessidade de ser seguido o tempo escrito em pauta.
18- Alguns
ornamentos são permitidos (na melodia e nos contracanto/ contrapontos), “exclusivamente
para a(s) voz (es)”, ficando a critério do avaliador deferir exagero ou não.
Caso seja
constatado exagero que descaracterize a partitura em questão, será passível de desconto.
Estes são os ornamentos permitidos: glissando, portamento, appoggiatura, e vibrato.
No caso do “Chico Sapateado”, os ornamentos indicados na partitura são exclusivos
para os instrumentos melódicos, não para a voz, podendo ser executados ou não, sem
acarretar erro. Para os contracantos instrumentais a ornamentação fica livre
desde que de acordo com este regulamento.
19- As
respirações (físicas) para cantores devem respeitar o fraseado musical, sendo realizada
ao final de cada frase ou semi-frase, favorecendo o entendimento desta. A respiração
não deve interromper ou prejudicar uma palavra.
20- Nos
instrumentos a respiração (musical) deve respeitar o fraseado, no caso dos instrumentos
de arco e nas gaitas, em especial. O mau controle do fole não poderá duplicar uma
nota (figura musical), caso ocorra, será considerado erro.
21- Os
instrumentos de arco podem ser tocados com arco ou em pizzicato.
22- Os
ritardandos indicados nas partituras são facultativos.
23- A
acentuação rítmica do acompanhamento, quando em ritmos de seqüência continuada,
pode ser realizada das seguintes formas dentre as opções: para compasso binário
f-p, p-f, fp- mf-p, f-p-f-p ou p-f-p-f, para o compasso ternário f-pp ou p-f-f,
e para o compasso quaternário fp-mf-p, f-p-f-p ou p-f-p-f. (p: piano, f:forte,
mf: meio forte). É importante que os ritmos sejam executados de acordo com o
folclore gaúcho e de acordo com esta resolução.
24- A
articulação para o acompanhamento pode ser feita ao gosto do intérprete, não
ferindo os outros itens referidos neste regulamento.
25- A
divisão rítmica para letras diferentes deve ser realizada segundo a partitura,
não alterando as notas e realizando divisão nas figuras necessárias.
26- É
permitida a intervenção falada (ao microfone ou não) durante a execução das músicas,
desde que não interfira no entendimento da parte musical. Se houver
interferência causando prejuízo do entendimento musical, será passível de
desconto.
27- É
considerada a melodia principal das músicas das danças tradicionais as notas
escritas na pauta superior (clave de sol do acordeon) das partituras editadas
pelo MTG que servem de base para este regulamento. No caso de haverem duas ou
mais notas simultâneas, julgase por melodia a nota superior.
Para tal, se
o intérprete optar pela execução de apenas uma das notas escritas de forma vertical,
deverá executar a nota superior. São exceções: o final da Rancheira de
Carreirinha (no compasso "para terminar"), o segundo tempo do
compasso 7 do Anú e o primeiro tempo dos compassos 24 e 25 da Caranguejo.
Nestes casos
o intérprete pode executar como sendo melodia principal a nota superior (mediante)
ou a nota do meio (tônica). Para harmonizações da melodia a duas ou mais vozes
de qualquer trecho musical, deve-se manter com clareza a melodia principal.
28- Na
Havaneira marcada, o compasso 34 pode ser flexibilizado em acordes de tônica e dominante,
finalizando em acorde de tônica no compasso 35, cada um destes com duração de
um (1) tempo.
29- Para a
Cana Verde é permitido executar o “Para prosseguir” ignorando os compassos 36 e
37, executando o compasso 38 após o compasso 35.
30- Para a
Cana Verde, no “Para Terminar”, é permitido flexibilizar o compasso 40 em dois (2)
acordes de tônica e dominante, finalizando em acorde de tônica no compasso 41,
tendo esses acordes duração de um (1) tempo. A voz finaliza no primeiro tempo
do compasso 40.
31- Será
permitido ignorar o compasso 40, flexibilizando-se o compasso 39 em dois (2) acordes
de tônica e dominante excluindo o compasso 40 e executando o compasso 41 após o
39, tendo esses acordes duração de um (1) tempo.
Das músicas
sem partitura
1- A letra
deve ser predominante em português e deve conter temas e características musicais
do folclore Sul Rio-Grandense. Os ritmos devem ser, de acordo com cada coreografia
sorteada, marcha/polca para a “Meia-Canha”, chote para o “Chote de Duas Damas”,
e rancheira para o “Pau-de-Fitas”.
2- Estas
músicas podem ser executadas com instrumentos, a cappella, ou de forma mista.
Não seguem
as regras de dissonâncias e contrapontos/contracantos deste regulamento.
Devem estar
de acordo com a coreografia e ser de referência gauchesca.
3 - Erros de
execução, desafinações e demais erros são passíveis de desconto.
Das letras
não indicadas em bibliografia e no regulamento
1-Para serem
utilizadas pelos musicais no concurso de danças tradicionais em eventos regulamentados
pelo MTG, deverão ser utilizadas letras presentes no Livro de Danças Tradicionais
e/ou CD das danças tradicionais. Também poderão ser utilizadas as letras anexadas
e esta resolução, letras estas pesquisadas nas seguintes referências:
- Meyer,
Augusto. (1959). Cancioneiro Gaúcho. Porto Alegre: Editora Globo.
- LOPES
NETO, J. Simões. Cancioneiro guasca; antigas danças, poemetos, quadras, trovas,
dizeres, poesias históricas, desafios. Porto Alegre, Editora Globo, 1954.
Coleção Província.
Quem optar
por utilizar outras letras deverão apresentar junto à comissão avaliadora a
letra
juntamente
com pesquisa bibliográfica.
LETRAS
PESQUISADAS
BALAIO
Mandei fazer
um balaio pra guardar meu algodão;
Balaio saiu
pequeno, não quero balaio, não.
Balaio, meu
bem, balaio, balaio do coração,
Moça que não
tem balaio bota a costura no chão.
Balaio, meu
bem, balaio, balaio, peneira grossa,
Desamarra a
cachorrada, capivara está na roça.
Balaio, meu
bem, balaio, balaio do presidente;
Por causa
deste balaio já mataram tanta gente!
Balaio, meu
bem, balaio, balaio de tapeti;
Por causa
deste balaio, me degredaram daqui.
Recorta, meu
bem, recorta, recorta o teu bordadinho,
Depois de
bem recortado, guarda no teu balainho.
Mandei fazer
um barquinho da casca do camarão,
Para levar o
meu bem de Santos ao Cubatão.
Mandei fazer
um barquinho da casca do pau aderno
Para
embarcar o diabo da madeiro pro inferno
CANA VERDE
Cana-verde, cana-verde,
minha cana cristalina (bis)
Eu quisera
ser um cravo, pro cabelo das meninas
Ai, ai! Meu
bem...ai,ai! Meu Bem...ai, ai! Meu bem...ai,ai! Meu Bem!
Eu quisera
ser um cravo, pro cabelo das meninas.
CARANGUEJO
Sim, sim,
sim...não, não, não...
Estou a tua
espera e não me dás teu coração.
O pé, o pé,
o pé...a mão, a mão, a mão...
Minha gente
venha ver o caranguejo no salão.
No fundo do
mar tem peixe, na beira tem camarão
Nas ondas
dos teus cabelos navega meu coração.
Caranguejo
não é peixe, se é peixe ninguém come
Ainda há
chegar o tempo das muié falar dos home.
CHICO
SAPATEADO
O Chico caiu
no poço, não sei como não morreu,
Por ser
devoto das almas, nossa Senhora o valeu.
O Chico caiu
no poço, do fundo tirou areia;
Ninguém
tenha dó do Chico, que está preso na cadeia.
O Chico foi
lá no poço com uma pedra no pescoço:
Ninguém
tenha dó do Chico, que ele morreu por seu gosto.
Lá vem
Chico, lá vem Chico, deixá-lo que venha, sim:
Eu não devo
nada ao Chico, nem ele me deve a mim.
Quem é
aquele que lá vem com o lenço feito bandeira?
Pelo jeito
que estou vendo, é o Chico Polvadeira.
Quem é
aquele que lá vem no seu cavalo alazão?
É o nosso
amigo Chico que vem dançar o sabão;
O cavalo deu
um prisco, o Chico caiu no chão.
O Chico caiu
no poço vestidinho de licor
Vós ide
buscar o Chico que o Chico é meu amor.
Quando vim
da minha terra muita menina chorou
Só o diabo
de uma velha muita praga a mim rogo
Quando vim
da minha terra trouxe platas e platinas
Eu me chamo
Chico doce namorado das meninas
Eu me chamo
Chico doce por sobrenome melado
Quando chego
ao pé das moças fico todo açucarado
Garibaldi
foi a missa no seu cavalo alazão
O cavalo
entrupicou Garibaldi foi ao chão
CHIMARRITA
Vou cantar a
Chimarrita que hoje ainda não cantei;
Deus lhes dê
as boas-noites que hoje ainda não lhes dei.
Vou cantar a
Chimarrita, que uma moça me pediu;
Não quero
que a moça diga: ingrato, não me serviu.
A moda da
Chimarrita veio de Cima da Serra;
Pulando de
galho em galho, foi parar em outra terra.
Chimarrita
quando nova uma noite me atentou
Quando foi
de madrugada, deu de rédea e me deixou!
Chimarrita
no seu tempo já muito potro domou;
Agora quer
um sotreta...nem um rodilhudo achou.
Chimarrita e
Chimarrita, Chimarrita do sertão,
Pra casar a
sua filha deu de dote um patacão.
A Chimarrita
é uma velha que mora no faxinal,
Socando sua
canjica, comendou feijão sem sal.
Chimarrita é
mulher pobre, já não tem nada de seu,
Só tem uma
saia velha que sua sogra lhe deu.
-
Chimarrita, mulher velha, quem te trouxe lá do Rio?
- Foi um
velho marinheiro na proa do seu navio.
Chimarrita é
altaneira, não quebra nunca o corincho;
Diz que tem
trinta cavalos e não tem nem um capincho.
Chimarrita
diz que tem dois cavalinhos lazões;
Mentira da
Chimarrita, não tem nada, nem xergões!
Chimarrita
diz que tem quatro cavalos oveiros;
Mentira da
Chimarrita, só se são quatro fueiros!
Chimarrita
diz que tem sete cavalos tostados;
Mentira da
Chimarrita, nem perdidos, nem achados!
Chimarrita
diz que tem dois zainos e um tordilho;
Mentira da
Chimarrita, nem um cupim pro lombilho.
Chimarrita
diz que tem três cavalos tubianos;
Mentira,
tudo mentira, nem garras, pingos, nem panos!
Aragana e
caborteira, a Chimarrita mentiu;
Não censure
a dor alheia quem nunca dores sentiu.
Quem sabe se
a Chimarrita na alma criou cabelos;
Quem vê uma
bagualada, vê mais vultos do que pêlos...
Tironeada da
sorte, a Chimarrita rodou;
Logo veio a
crua morte e as garras lhe botou.
Chimarrita
morreu ontem, ontem mesmo se enterrou;
Quem chorar
a Chimarrita leva o fim que ela levou.
Chimarrita
morreu ontem, ontem mesmo se enterrou;
Na cova da
Chimarrita fui eu quem terra botou.
Chimarrita
morreu ontem e ainda hoje tenho pena;
Do corpo da
Chimarrita vai nascer uma açucena...
Chimarrita
morreu ontem, inda hoje tenho dó;
Na cova da
Chimarrita nasceu um pé de cidró.
Chimarrita
morreu ontem, mas pra sempre há de durar;
As penas da
Chimarrita fazem a gente pensar...
Coitada da
Chimarrita! Vou rezar por ser cristão:
A pobre da
Chimarrita viveu como um chimarrão.
Quanta
maldade se disse da Chimarrita, coitada!
A pedra
grande faz sombra e a sombra não pesa nada.
Chimarrita
generosa, ó Chimarrita, perdoa!
Quem te
chamava de má não era melhor pessoa...
A Chimarrita
no campo com os bichos todos falou;
Na morte da
Chimarrita, o bicharedo chorou.
O trevo de
quatro folhas da Chimarrita é feitura,
Com ele se
quebra a sina que o mal sobre nós apura.
Aqui paro,
na saída do fim desta narração;
A moça, se
está contente, me dê o seu galardão.
Eu disse o que
a bisavó da minha vó me ensinou;
Se alguém
sabe mais do que eu, já não está aqui quem falou.
Chimarrita,
Chimarrita, Chimarrita, meu amor,
Por causa da
Chimarrita passo tormentos e dor.
Chimarrita,
Chimarrita, Chimarrita do outro lado,
Por causa da
Chimarrita passei arroios a nado.
Já dormi na
tua cama já tua boca beijei
Já gozei os
teus carinhos e outras coisas que eu cá sei.
Chama Rita
chama Rita chama Rita uma mulher
Sai de manhã
para fora entra à noite quando quer.
A mulher do
chama-Rita é uma santa mulher
Dá os ossos
ao marido a carne a quem ela querer
A moda da
chimarrita veio de Cima da Serra,
Pulando de
galho em galho, foi parar em outra terra.
Chimarrita e
chimarrita, chimarrita do sertão
Vai casar a
sua filha, deu de dote um patacão.
Chimarrita,
mulher velha, quem te trouxe lá do Rio?
Foi um velho
marinheiro na proa do seu navio.
A moda da
chimarrita veio de Cima da Serra,
Pulando de
galho em galho, foi parar em outra terra.
O ANÚ
O anu é
pássaro preto, passarinho de verão;
Quando canta
à meia-noite, ó que dor no coração.
E se tu,
anu, soubesses quanto custa um bem-querer
Ó pássaro,
não cantarias às horas do amanhecer.
O anu é
pássaro preto, pássaro do bico rombudo;
Foi praga
que Deus deixou todo negro ser beiçudo.
Folgue,
folgue minha gente, que uma noite não é nada
Se não
dormires agora, dormirás de madrugada
Tão bela
flor, quero-mana, as barras do dia aí vêm,
Os galos já
estão cantando, os passarinhos também.
Os galos já
estão cantando e os passarinhos também,
Vai
recém-amanhecendo e aquela ingrata não vem.
Ah! galo, se
tu soubesses quanto custa um bem-querer,
Nunca, nunca
tu cantavas às horas do amanhecer!
Tão bela
flor, digo agora, tão bela flor, quero-mana,
Quando eu
ando neste fado, a própria sombra me engana.
Adeus,
quero-mana ingrata, que inda te pretendo ver
Abrasada de
saudade e sem ninguém te valer...
Para que de
mim te queixas? pois se eu presumo de amar?
Se é da
minha natureza de madrugada cantar?
Que
passarinho é aquele que está na flor da banana,
Co'o
biquinho dá-lhe, dá-lhe, co'as asinhas, quero-mana!
TATU COM
VOLTA NO MEIO
Eu vim pra
contar a história dum Tatu que já morreu,
Passando
muitos trabalhos, por este mundo de Deus.
O Tatu foi
mui ativo pra sua vida buscar;
Batia casco
na estrada, mas nunca pode ajuntar.
Ora, pois
todos escutem do Tatu a narração,
E, se houver
quem saiba mais, entre também na função.
O Tatu foi
homem pobre que apenas teve de seu
Um balandrau
muito velho que o defunto pai lhe deu.
O Tatu é
bicho manso, nunca mordeu a ninguém,
Só deu uma
dentadinha na perninha do seu bem.
O Tatu é
bicho manso, não pode morder ninguém,
Inda que
queira morder, o Tatu dentes não tem.
O Tatu não
calça meia porque tem o pé rachado,
Tem a
cintura de moça e os olhos de namorado.
O Tatu saiu
do mato, vestidinho, preparado,
Parecia um
capitão de camisa de babado.
O Tatu saiu
do mato, procurando mantimento;
Caiu numa
cachorrada que o levou cortando vento.
O Tatu me
foi à roça, toda a roça me comeu;
Plante roça
quem quiser, que o tatu quero ser eu.
O Tatu é
bicho chato, rasteiro, toca no chão;
Inda mais
rasteiro fica quando vai roubar feijão.
O Tatu de
rabo mole faz guisado sem gordura,
Ele é feio
mas gostoso, só lhe falta compostura.
Meu Tatu de
rabo mole, meu guisado sem gordura,
Eu não gasto
meu dinheiro com moça sem formosura.
Depois de
muito corrido nos pagos em que nasceu,
O Tatu alçou
o ponche, pra outras bandas se moveu.
Eu vi o Tatu
montado no seu cavalo picaço,
De bolas e
tirador, de faca, rebenque e laço.
Aonde vai,
senhor Tatu, em tamanha galopada?
Vou para
Cima da Serra, dançar a polca-mancada.
O Tatu subiu
a Serra, no seu cavalo alazão,
De
barbicacho na orelha, repassando um redomão.
O Tatu subiu
a Serra pra serrar um tabuado,
Levou mala
de farinha, e um porongo de melado.
O Tatu subiu
a Serra à força de mocotó,
Caminhou
cinqüenta léguas, pra ver se achava ouro em pó.
O Tatu subiu
a Serra com fama de laçador;
Bota laço,
tira laço, bota pealos de amor.
O Tatu subiu
a Serra com ganas de beber vinho;
Apertaram-lhe
a garganta, vomitou pelo focinho.
O Tatu foi
encontrado no passo do Jacuí,
Trazendo
muitos ofícios para o general Davi.
O Tatu foi
encontrado lá nos cerros de Bagé,
De laço e
bolas nos tentos, atrás de um boi jaguané.
O Tatu
depois foi visto no cerro de Viamão,
Com seu
lacinho nos tentos, repassando um redomão.
O Tatu foi
encontrado no cerro de Batovi,
Roendo as
unhas de fome, ninguém me contou, eu vi.
O Tatu foi
encontrado pras bandas de São Sepé,
Mui aflito e
muito pobre, de freio na mão, a pé.
O Tatu foi
encontrado na serra de Canguçu,
Mais triste
do que um socó e sujo como urubu.
Depois de
muita folia em que o Tatu se meteu,
Deram-lhe
muito guascaço e o Tatu ensandeceu.
E logo
desceu pra baixo, mui triste da sua vida,
Com a casca
toda riscada, de orelha murcha, caída.
Ao chegar à
sua casa, o Tatu vinha contente,
Por ver a
sua Tatua e quem mais era parente.
Minha
comadre Tatua, adeus, como tem passado?
- Tenho
passado mui bem, porém com algum cuidado.
Tatua, minha
Tatua, acuda, senão eu morro!
Venho todo
lastimado das dentadas de um cachorro.
Dei graças a
Deus achar uma toca já deixada,
Pois que
vinha um caçador com uma grande cachorrada.
Até chegar
nesta idade, remédio nunca tomei;
Tatua, estou
mui doente, faz remédio, eu tomarei.
Se quiser
curar, me cure, não lhe faltando a vontade,
Que senão eu
vou-me embora lá pra casa da comadre.
Ela deu
folhas de umbu com raiz de pessegueiro,
Mas, coitado
do Tatu, morreu ainda mais ligeiro!
A Tatua e os
tatuzinhos puseram a cavoucar,
Pra fazer a
funda cova, pra o seu Tatu enterrar.
A Tatua está
viúva, o seu Tatu já morreu;
Ela agora
quer marido travesso, como era o seu.
A Tatua está
mitrada, quer marido doutro jeito,
Que não viva
longe dela, seja um Tatu de respeito.
E, se alguns
dos meus senhores, quer ser Tatu preferido,
A Tatua está
viúva: é só fazer seu pedido...
Já chegou o
Tatu-canastra com sua calça de bombacha;
Trazia a sua
sanfona de quarenta e oito baixo...
O tatu mais
a mulita, é lei da sua criação:
Se é macho,
não tem irmã, se é fêmea, não tem irmão.
- Meyer,
Augusto. (1959). Cancioneiro Gaúcho. Porto Alegre: Editora Globo.
- LOPES
NETO, J. Simões. Cancioneiro guasca; antigas danças, poemetos, quadras, trovas,
dizeres, poesias históricas, desafios. Porto Alegre, Editora Globo, 1954.
Coleção Província.
EQUIPE
TÉCNICA DO SUBDEPARTAMENTO DE MÚSICA 2013 MTG/RS
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