quinta-feira, 29 de outubro de 2015

MTG comemorará seu aniversário em Camaquã

Movimento Tradicionalista Gaúcho completou 49 anos, dia 28, e historia e lançará seu cinquentenário na cidade de Camaquã

           A história do Movimento Tradicionalista Gaúcho pode ser contada a partir
de vários momentos. Alguns reconhecem como ponto de partida a fundação do Grêmio Gaúcho, por Cezimbra Jacques, em 1889. Outros, a ronda gaúcha, no Colégio Julio de Castilhos, de 1947. Ainda há quem defenda como marco inicial a fundação do 35 CTG, em abril de 1948 ou a realização do 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, em 1954, ou, ainda, a constituição do Conselho Coordenador, em 1959. Tenho comigo que, seja qual for o ponto de partida, o importante é que, em 1966, durante o 12º Congresso Tradicionalista Gaúcho realizado em Tramandaí, foi decidido organizar a associação de entidades tradicionalistas constituídas, dando-lhe o nome de Movimento Tradicionalista Gaúcho, o MTG.

          Assim é que, desde 28 de outubro de 1966, a Instituição se tornou conhecida como MTG. Muitas pessoas contribuíram para que o MTG se tornasse uma organização reconhecida e respeitada. Nas atividades diárias, nos congressos e convenções, nos eventos de âmbito estadual, nos debates sobre a história, música, folclore, cavalgadas, fandangos, jovens, família, valores, princípios, crenças e tudo o mais que fascina os tradicionalistas, destacaram-se figuras importantes do movimento, tais como Manoelito de Ornellas, Glaucus Saraiva, Hugo da Cunha Alves, Guilherme Schults Filho, Gerciliano Alves de Oliveira, Ieno Severo, Vasco Mello Leiria, Cyro Dutra Ferreira, Helio Moro Mariante, Luiz Carlos Barbosa Lessa, João Carlos Paixão Cortes, Wilmar Winck de Souza, Lilian Argentina, Edson Otto, entre tantos.

          No ano de 2016, comemoraremos cinco décadas de uma entidade que está entre as maiores da sociedade brasileira. São quase 1700 entidades juridicamente constituídas e quase um milhão de associados. Um fabuloso exército de pessoas que acreditam nas mesmas coisas e se dedicam aos mesmos fazeres culturais.

         O MTG é um orgulho do Rio Grande do Sul, não só pela estrutura que possui no Estado, mas pela dimensão mundial que tomou. No Brasil temos oito federações e uma Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha. No exterior há mais de 20 núcleos em que a cultura, a história e os costumes do Rio Grande são vivenciados diariamente. A Confederação Internacional da Tradição Gaúcha reúne Brasil, Argentina e Uruguai na mesma ideia de preservação da cultura gauchesca.

         Ao longo da sua história, o MTG funcionou em três endereços, sempre em Porto Alegre: na Rua dos Andradas, próximo do Gasômetro, no Centro Administrativo do Estado e na rua Guilherme Schell,60 local onde possui sua sede atual. Esta sede foi doada ao MTG pelo Governo do Estado, sendo que a construção foi obra do trabalho e esforço dos tradicionalistas liderados pelo presidente Dirceu de Jesus Brizzola. A inauguração ocorreu em dezembro de 1998.

          Neste sábado, dia 31 de outubro, na cidade de Camaquã, o MTG estará entregando o Diploma João de Barro, homenagem das Regiões aqueles que contribuiram com a manutenção das tradições nos municípios que as compõe. A Medalha Barbosa Lessa, titulo máximo ofertado pelo Movimento à pessoas que se doaram pelo tradicionalismo ao longo da hisória. A OrCav estará entregando suas comendas aos cavaleiros e, em especial, será lançada a campanha do Cinquentenário da instituição. Vale a pena conferir:
          Segundo Manoelito Savaris, a entidade, com um pé no passado, está plenamente preparada para o futuro. Veja entrevista.

          Existem no Rio Grande do Sul 1676 entidades filiadas ao Movimento e mais algumas não filiadas. A que se deve esse sucesso de adesão?

Savaris - O tradicionalismo gaúcho possui um modelo organizacional que favorece ao convívio entre gerações. Pais e filhos convivem pacificamente, sem conflitos, nos CTGs. Além disso, o foco na história e na tradição gaúcha é sempre motivo de orgulho e auto-estima face à forma como o estado foi constituído, seja geograficamente seja socialmente.

Em tempos de mudanças tão rápidas, em tecnologia, economia, valores, sociedade, como tem sido o desafio de cultuar a cultura regional?
Savaris - É claro que a velocidade da comunicação e as inúmeras oportunidades culturais disponíveis a partir dessa velocidade e da globalização nos impõe desafios. Estes desafios estamos superando com a oferta de oportunidade aos jovens, especialmente, de se realizarem de encontrarem no meio tradicionalista “a sua turma”.  Atualmente temos mais adeptos jovens – menos de 30 anos – do que pessoas de mais idade. Seguimos os ensinamentos de Tolstoi: “se queres ser universal, cante a tua aldeia”.

          O MTG tem por missão cuidar de algo que é patrimônio de todos os gaúchos: sua história, seu folclore, sua cultura. Ao mesmo tempo, enquanto instituição, é uma espécie de clube, com suas próprias regras, normativas etc, definidas somente pelos associados. Como em sido o diálogo com a sociedade, nesse sentido?
Savaris - A nossa preocupação é atender bem e oferecer ambiente adequado aos que desejam ser associados. Nossa comunicação com a sociedade se faz principalmente pelos eventos que realizamos e na relação de cada associado no seu ambiente social e de trabalho. Não temos a preocupação de justificar ou dar explicações sobre os nossos métodos e regras para quem não faz parte do Movimento.

          Na sua opinião, quais tem sido os principais méritos do Movimento nestes anos todos de existência?
Savaris:
- ter resgatado a música regional;
- ter resgatado e valorizado manifestações folclóricas importantes como a dança;
- ter criado um Grande sistema, sólido, disciplinado e hierarquizado através do qual conseguiu valorizar e fortalecer a identidade cultural regional.
- ter servido de “escola”, de referência moral e ética, de ambiente para encontros sadios e parcerias edificantes para milhares de jovens ao longo destes 70 anos de tradicionalismo e 49 anos de MTG.

          Para o futuro, quais são os planos?
Savaris - Manter a linha adotada até hoje, não transigindo, não tergiversando sobre aspectos fundamentais da tradição e mantendo a estrutura em funcionamento readaptada para os tempos de dificuldade econômica e de crise social, ética e política pela qual passa a sociedade brasileira.

          O que o Movimento tem de diferente hoje, comparando a quando iniciou suas atividades?
Savaris - A tradição não é dogma. Ou seja, ela se modifica e se adapta. A tradição que hoje nos pauta é diferente daquela que pautou os primeiros tradicionalistas. A diferença está em algumas práticas e em alguns fazeres. No fundamento não há diferença, tanto que a Carta de Princípios é a mesma adotada há 55 anos passados.

          Em que medida podemos dizer que o Movimento é responsável por este orgulho que o gaúcho tem de ser gaúcho?
Savaris - Não temos como aquilatar isso, mas o sentimento que temos é de que temos boa parte de contribuição nessa questão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário